quinta-feira, 19 de junho de 2008

Galrasia: O Mundo Perdido



Galrasia. O Inferno Verde. Onde tudo cresce maior e mais forte. Onde arde a chama da vida.
Mas toda chama queima.
E todo inferno tem demônios.

Além do perigoso Mar Negro, além das águas infestadas de piratas, repousa Galrasia. Terra de selvas úmidas, ruínas misteriosas e antigos segredos arcanos. E de dinossauros — bestas gigantes, ferozes e famintas.

Galrasia: Mundo Perdido apresenta esta terra pré-histórica como parte de Arton — o mundo de TORMENTA, a maior ambientação de RPG criada no Brasil — ou como um mini-cenário para inserir em qualquer campanha.

Este livro contém:



  • A verdadeira origem de Galrasia, nascida de uma tragédia, arrancada de outro mundo como punição contra seus nativos corrompidos.

  • Os pontos mais perigosos da ilha: os Sítios Arcanos, o Cemitério de Dinossauros, o Covil da Divina Serpente, a Torre da Morte e outros.

  • Os povos-trovão: quatro novas raças sauróides, completas com novos talentos e habilidades de classe variantes.

  • Novas classes de prestígio, incluindo o Explorador Destemido e o Predador Primal, itens e magias.

  • Novos monstros, aliados, inimigos e — pela primeira vez — as estatísticas do lendário Galron.

  • Requer o uso do Livro do Jogador de Dungeons & Dragons, versão 3.5, publicado pela Devir Livraria.


ISBN: 978858913429-3
64 páginas
R$ 18,90


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Este preview de Galrasia: Mundo Perdido traz os dragões-de-chifres, uma nova raça para PJs.
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quarta-feira, 11 de junho de 2008

War em Tormenta

Por: Bruno BURP
Ogirinalmente Publicado em:
http://brunos.multiply.com/journal/item/561/War_in_Arton


Bem, talvez nem todos saibam, mas eu tenho uma certa fascinação por mini-games de RPG - pequenos jogos dentro do jogo, pra deixar as aventuras mais diversificadas e divertidas. Não é à toa que eu criei o magibol, por exemplo, com todas as regras de jogo; e perdido lá pela minha página do Multiply é possível achar vários outras regras de joguinhos assim, desde esportes como futebol e tênis até jogos de cartas e duelos que utilizam a ficha de um personagem dentro de um sistema para alterar o jogo. E uma idéia dentro desse tema que tem me perseguido já faz algum tempo é a de fazer uma versão de War, o clássico jogo de estratégia que eu tenho certeza que todo mundo aqui já jogou ao menos uma vez na vida, pra Tormenta.

Não é nada muito complicado de fazer, na verdade. As regras do War clássico são bem genéricas e abrangentes, e o mesmo esquema básico de movimentar exércitos por territórios e jogadas de ataque e defesa podem funcionar perfeitamente bem em Arton, de forma que eu estou assumindo que estas regras básicas serão mantidas e que todo mundo já as conheça bem; basta trocar o tabuleiro clássico por um mapa do Reinado, escrever em pedaços de papel e sortear com um chapéu os territórios e objetivos, e já temos o nosso War Tormenta pronto para jogar.

Mas se limitar a isso acabaria ficando um pouco simplório também; quer dizer, por mais que funcione, fica faltando ainda aquela sensação de realmente estar em Arton, de lançar bolas de fogo contra o exército inimigo, enfrentar uma horda de dragões, ou de ter a Niele ou o Sckar comandando as tropas de infantaria. Por isso eu vez por outra tenho me pego pensando em algumas opções de regras alternativas, pequenas mudanças nos regulamentos básicos de War para se adaptar a cenários de alta fantasia como Tormenta, e isso aqui é meio que o resultado desses devaneios. Nada muito desenvolvido ou testado na maioria dos casos, mas acho que deve dar algumas boas idéias para reflexão; quem gostar pode escolher o que usar, ou de repente adicionar alguns elementos novos também.

Em geral, pra desenvolver essas idéias, eu me pautei por dois princípios básicos:

- Em primeiro lugar, simplicidade. Sou jogador convicto de 3D&T, não escondo de ninguém, e por opção mesmo, realmente gosto do sistema; prezo agilidade e praticidade mais do que tudo na hora do jogar, e é também uma das razões pela qual eu gosto de War. É claro que eu poderia fazer algo bem mais desenvolvido, com dezenas de opções de unidades de combate, de várias raças e nacionalidades - legionários minotauros, arqueiros élficos, cavalaria namalkahiana, infantaria yudenach, etc. -, cada um com suas próprias estatísticas de jogo e tudo mais; mas isso, mais do que complexo, ficaria complicado, e tornaria o jogo mais lento. Por isso, na sugestão de divisão de unidades, optei por uma divisão simples, que funciona de forma bastante prática e direta, tipo um jogo de pedra-papel-tesoura. A última coisa que eu quero também é ter que parar a cada rodada para fazer dúzias de cálculos e contabilidade de unidades, algo que eu odeio em muitos jogos de estratégia mais desenvolvidos.

- Em segundo lugar, praticidade. Não sou exatamente um designer gráfico (como desenhista, sou um excelente historiador =P), por isso não teria como oferecer dezenas de cartas de feitiços e personagens, além do próprio trabalho que seria imprimir e montar tudo isso, o que tornaria a idéia toda já um pouco menos interessante. Por isso, sugiro alguns acessórios simples, que não devem ser difícil de obter para qualquer RPGista - coisas como baralhos de cartas, dados multifacetados, miniaturas de D&D ou RPGQuest, etc.

Enfim, ao jogo.

Acessórios
Eis o que você precisa para jogar War em Tormenta, assumindo que queira adotar todas as minhas sugestões de regras extras:

- um jogo de War tradicional, com suas peças de exércitos, dados e os manuais com as regras básicas, se já não as souber;
- um mapa do Reinado em bom tamanho, com as divisões dos reinos - uma boa sugestão é aquele que veio de brinde em alguma Revista Tormenta, que eu não lembro o número de cabeça;
- alguns conjuntos de peças de formatos diferentes, talvez retiradas de outros jogos;
- um baralho tradicional com 52 cartas e 2 coringas;
- alguns d6s extras;
- alguns d8s, d10s e d12s;
- algumas miniaturas de monstros e personagens, podem ser as de D&D ou RPGQuest mesmo;
- uma folha de caderno e um lápis para cada jogador.

Tipos de Unidades
No War clássico, existe apenas um tipo básico de unidade militar - o "exército", que basicamente já inclui todos os tipos de unidades que normalmente existem dentro do universo militar. Para um jogo medieval, no entanto, onde não chega a haver uma variedade muito complexa de unidades de combate, pode ser interessante dividi-las em três tipos básicos:

- Infantaria - soldados tradicionais, lutando à pé;
- Cavalaria - unidades de soldados montados;
- Artilharia - unidades de arqueiros e outros soldados treinados em ataque à distância.

Cada jogador pode dividir suas unidades livremente entre qualquer um dos três tipos quando as distribuem pelos seus territórios; uma boa idéia é usar peças de formatos diferentes, talvez emprestadas de outros jogos, para representar cada uma delas. Cada ataque ou defesa só pode ser feito com um tipo de unidade - ou seja, se você decidir atacar com Infantaria, aquele ataque deverá ser feito apenas com peças de Infantaria; da mesma forma, o defensor deve escolher apenas um tipo de unidade para usar na defesa de cada vez, e está limitado ao número de exércitos daquele tipo que possui no território defendido.

Cada tipo de unidade é eficiente contra um tipo de adversário, e vulnerável contra o outro:

- unidades de Infantaria são eficientes contra Artilharia, e vulneráveis contra Cavalaria;
- unidades de Cavalaria são eficientes contra Infantaria, e vulneráveis contra Artialharia;
- unidades de Artilharia são eficientes contra Cavalaria, e vulneráveis contra Infantaria.

Sempre que enfrenta um tipo de unidade contra o qual é eficiente, seja atacando ou defendendo, o jogador recebe um dado extra além da quantidade de unidades que está usando. Além disso, ainda terá a vantagem em caso de empate nos dados.

Magia
O que seria de um mundo fantástico sem magia? Assume-se que todos os territórios possuem pelo menos uma unidade de magos de combate, que não se envolve diretamente nos conflitos mas pode utilizar magias diversas para atacar as tropas adversárias. Estas magias são representadas pelo baralho de cartas: ao começar o jogo, cada jogador recebe quatro cartas, representando os feitiços que podem ser pelos magos da sua unidade.

Os náipes pretos representam feitiços de ataque, e podem ser usados apenas durante a sua vez de jogar:

- cartas de Paus são feitiços de ataque direto, como Bola de Fogo ou Relâmpago (escolha o que gostar mais); eles atacam as unidades de um reino adversário como se fossem um exército, jogando uma quantidade de dados igual ao poder da carta contra a mesma quantidade de dados de defesa, até o limite de unidades no território atacado. Caso o atacante perca nos dados, no entanto, não perderá nenhum dos seus exércitos. É necessário escolher em qual dos seus territórios está a undiade de magos que utiliza o feitiço (isso fará diferença adiante, na regra de Heróis), e ele só pode ser usado para atacar um território adjacente.

- cartas de Espadas são feitiços de Invocação, e conjuram para um de seus territórios unidades de um tipo à sua escolha em quantidade igual ao poder da carta.

Os náipes vermelhos representam feitiços de defesa, e podem ser usados tanto na sua vez como na vez dos adversários, para se defender dos seus ataques:

- cartas de Copas são feitiços de Cura; você deve usá-los após uma batalha, evitando a perda de uma quantidade de unidades igual ao poder do feitiço.

- cartas de Ouros são feitiços de Escudo; você deve usá-los ao defender um território, recebendo uma quantidade de dados de defesa extras igual ao poder do feitiço.

O poder do feitiço é determinado pelo valor da carta: cartas de Ás à 5 têm poder 1, de 6 a 10 têm poder 2, e as figuras (Valete, Dama e Rei) têm poder 3.

O Curinga pode ser usado como qualquer um dos quatro feitiços, à escolha do jogador, sempre com poder 3.

Cada vez que você usa um feitiço, deve descartar a carta correspondente. Ao final de cada rodada, após todos os jogadores terem tido a sua vez, as cartas que não foram usadas devem ser descartadas, e cada um deve sacar uma nova mão de quatro cartas do baralho. Caso o baralho termine, apenas reembaralhe a pilha de descarte e utilize-a novamente.

Unidades de Elite
Se você tiver uma boa quantidade dados multi-facetados, pode escolher usar unidades de elite no seu jogo. Sempre que receber exércitos para distribuir - como após o fim de cada rodada ou usando um feitiço de Invocação -, você pode escolher trocar cada três novos exércitos de um determinado tipo por uma unidade de elite daquele tipo. Utilize uma peça diferente para essa unidade - podem ser aquelas peças maiores que vem na caixa básica mesmo, por exemplo, ou apenas de outra cor. Unidades de Elite utilizam d10 ao invés de d6 como dado de combate, e sempre têm a vantagem em caso de empate contra unidades comuns, mesmo quando enfrenta um tipo de unidade contra a qual seria vulnerável (no entanto, ela ainda recebe um dado extra para enfretá-lo normalmente).

Bestas de Guerra
Outra opção para quem possui acesso a dados multi-facetados é o uso de bestas de guerra - monstros e criaturas gigantes, como dragões ou hidras, usadas para esmagar os exércitos adversários. Nenhum jogador começa com bestas de guerra sob seu comando; elas devem ser invocadas no lugar dos exércitos com o feitiço de Invocação. Caso o feitiço seja de poder 1, a besta usará d8 como dado de combate; se for de poder 2, usará d10; e se for de poder 3, usará d12. Bestas de guerra contam como um tipo de unidade à parte, que não pode realizar ataques em conjunto com unidades de outros tipos (mas você pode reunir várias bestas em um único ataque normalmente); e sempre têm a vantagem do empate, exceto contra outras bestas. Você pode utilizar as miniaturas de monstros de D&D, RPGQuest ou outras para representá-las.

Heróis
Nenhum grande conflito fantástico estaria completo sem o seu conjunto de heróis épicos e valorosos, cuja simples presença é capaz de levantar a moral das tropas e levá-las a vitória. Cada Herói é um personagem único, com um pequeno conjunto de habilidades que influem no resultado das batalhas em que participa. Cada jogador pode começar com dois Heróis sob seu comando, que podem ser posicionados livremente nos seus territórios, e, sempre que receber novos exércitos para distribuir, pode escolher trocar cinco deles por um novo Herói; você pode usar miniaturas de personagens de D&D, RPGQuest ou outras para representá-los. Você pode movimentá-los livremente pelos seus territórios, como unidades normais.

Cada Herói possui quatro atributos:

- Moral - a capacidade do Herói de influenciar o resultado de batalhas de Infantaria;
- Liderança - a capacidade do Herói de influenciar o resultado de batalhas de Cavalaria;
- Tática - a capacidade do Herói de influenciar o resultado de batalhas de Artilharia;
- Foco - a capacidade do herói de influenciar os efeitos de feitiços de qualquer tipo.

O jogador possui três bônus de +1 para dividir entre estas características em cada Herói, que podem ser colocados todos na mesma característica se quiser. Assim, um Herói poderia ter Moral +2 e Liderança +1; outro teria Moral +1, Tática +1 e Foco +1; e outro ainda teria apenas Foco +3.

Sempre que você fizer uma ofensiva a partir de um território onde haja um dos seus Heróis, ou que defenda um território onde ele está, você pode decidir enviá-lo para lutar junto às tropas, e assim receber uma quantidade de dados extras nas suas jogadas de acordo com os atributos dele. Um Herói com Moral +2, por exemplo, ao lutar em uma unidade de Infantaria, concederia 2 dados extras; outro com Foco +1, ao utilizar um feitiço de Escudo, concederia 1 dado extra; etc. Você só pode usar um Herói em cada combate, e cada Herói só pode ser usado uma vez na sua vez de jogar - ou seja, se você já usou um deles para atacar um território, não poderá usá-lo em outro ataque, nem para conjurar um feitiço; no entanto, ainda poderá usá-lo para se defender caso seja atacado na vez dos seus adversários. Além disso, Heróis nunca morrem em combate - se você perder o território onde um deles se encontra, pode movê-lo para um território adjacente ou, se não houverem territórios adjacentes sob seu comando, para qualquer outro que você controle; no entanto, não poderá utilizá-lo até a sua próxima vez de jogar.

Alguns Heróis de Tormenta:

Arkam Braço de Ferro
Moral +1, Liderança +1, Tática +1

Katabrok
Moral +2, Liderança +1

Lady Shivara
Moral +1, Liderança +2

Mestre Arsenal
Liderança +2, Tática +1

Niele
Moral +3

Rei Mitkov
Liderança +2, Tática +1

Rei Thormy
Liderança +3

Sir Orion Drake
Moral +2, Liderança +1

Sckar
Moral +3

Talude
Foco +3

Thwor Ironfist
Moral +2, Liderança+1

Vectorius
Foco +3

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Fanfic: Xenofobia

Nitamu-ra, o grandioso bairro situado no subúrbio de Valkaria, vem precedido de uma grande tragédia. Originalmente localizado a léguas de distância do Reinado, há treze anos, seu antigo imperador dragão Tekametsu viu seu maravilhoso e místico reino ser atacado pela terrível tempestade rubra, que consumia tudo em que tocava.

Como um último esforço para salvar seu povo, o imperador transportou uma pequena área de sua cidade para os domínios de Valkaria, local onde já existia certa amizade. Hoje, Nitamu-ra ajuda sua hospedeira a crescer comercialmente e oferece ajuda também no campo de batalha. Mas o povo tamuraniano é enigmático, assim como sua cultura..

Os jovens sempre tratam forasteiros e vizinhos muito bem, mas algumas vezes é possível perceber certa exclusão e preconceito da parte dos orientais para com os ocidentais, principalmente por aqueles que viveram mais tempo em Tamu-ra. Talvez o medo causado pela Tormenta nunca tenha abandonado suas mentes, ou até mesmo por causa de algum motivo desconhecido. Não importa o que fosse esse povo exuberante nutre certo preconceito, ou preocupação, para com as outras etnias.

E essa desconfiança parece estar toda caindo sobre uma pessoa. Rayard Oncer, que foi obrigado a mudar para o bairro oriental para retribuir um favor à um amigo. Rayard, como vários outros habitantes do Reinado e de Arton, não é um humano. Especificamente, Oncer é um licantropo, um humano tocado por Tenebra, a deusa das Trevas e que recebeu dela um dom, habilidades bestiais, em conjunto a uma aparência feral.

Traços animalescos distinguem o rapaz no meio da multidão de olhos puxados. Suas compridas orelhas caninas e olhos redondos da cor da terra nunca o fizeram sentir vergonha em nenhum outro lugar que estivera, mas aqui, os olhares medrosos e severos fazem o pobre garoto se encolher em suas vestes, muitas vezes escondendo as garras afiadas como espadas dentro dos bolsos.

Se pudesse, o homem-besta deixaria o bairro sem pensar duas vezes, mas há um motivo muito importante para mantê-lo neste lugar aparentemente hostil. Um grande amigo, Keiharu, tamuraniano, por incrível que pareça, o salvara de um incêndio, e como agradecimento Rayard prometeu que um dia faria o mesmo, pagaria o débito salvando a vida do oriental. Desde então vem morando com seu salvador, já que nunca tivera um lar. Keiharu é um curandeiro, que aprendeu a usar ervas para fins cicatrizantes e anestésicos, porém já tem uma idade muito avançada, e seu tempo neste plano parece estar se esgotando, mas é muito feliz, pois viu em Oncer a oportunidade de manter seu conhecimento vivo, e sempre que pode passa o dia ensinando o amigo seus segredos medicinais.

-Ei Rayard, vá buscar água lá no poço para mim, por favor, preciso ferver essas plantas aqui e nossa água já acabou. - Gritou o velho, enquanto cortava em pequenos quadradinhos o talo de uma planta verde escura e mal cheirosa.
-Já vou, já vou! - Respondeu impaciente. “Por que é que eu que tenho de ir pegar água, será que ele não percebeu que os amigos dele não gostam de mim?” pensou melancólico enquanto calçava o tora, um chinelo de madeira, que deixava expostas suas grandes unhas dos pés. “Mas se eu tiver sorte posso encontrá-la novamente.” a tristeza em sua expressão deu lugar a um largo sorriso e uma fraca coloração vermelha em meio aos pelos da face.

Iwamori é o outro motivo pelo qual o licantropo ainda não abandonou sua promessa. Uma jovem oriental, de longos cabelos negros como a noite e lisos como o fluir dos rios, de pele muito branca e frágeis olhos escuros. Rayard a viu pela primeira vez quando fora buscar água na fonte que se encontra em uma pequena praça próxima a sua casa. Ela também repunha seu estoque naquele poço, e volte e meia era vista enchendo os baldes e carregando-os penosamente para sua residência.
“Hoje eu me ofereço para levar seus baldes!” Pensava sozinho, enquanto caminha pelas ruas, carregando o peso dos olhares preconceituosos em suas costas. “Mas ela também deve me odiar.”

Carregado pelos devaneios, chegou no local designado e segurando o balde pelo fundo e pela boca, passou-o pela água cristalina, depositando uma quantia considerável no recipiente. Quando se levantou para ir embora, seu coração pareceu pular para garganta, e seu estômago se contraiu de ansiedade. Lá estava ela, a personificação oriental da beleza. Iwamori vinha em sua direção, trazendo duas vasilhas vazias. O suor pintava seu rosto de paixão e desejo.

-Bom dia! - Disse a tamuraniana para a fera, com um sotaque muito forte e um sorriso, sincero aos olhos de Rayard. Aquilo o fez perder o chão, e por alguns segundos não foi capaz de dizer uma palavra sequer.
-B.. Bom dia. - finalmente a voz saiu, meio falhada e baixa. Sua face começou a esquentar devido ao rápido fluxo de sangue que a vergonha bombeou até ela. - Será que eu poderia carregar seus baldes para você? Para que não corra risco de se machucar.
-Quanta gentileza! Logo se percebe que é amigo do velho curandeiro, sempre muito prestativo. Se não for incomodo, eu adoraria que fizesse esse favor para mim. - As palavras também mal saiam, mais por dificuldade com a língua ocidental do que pela vergonha, mas mesmo assim, Oncer mal coube dentro de si. Mal a garota encheu suas vasilhas, o rapaz prontamente as agarrou e por pouco não derrubou todo o conteúdo no chão. Seus braços eram fortes como os de um minotauro e desajeitados como de uma criança.

“Ela não me odeia! E eu achando que minha sorte havia acabado”, este pensamento acompanhou-o até o fim do trajeto, junto com outros mais indiscretos, que insistiam em brotar em sua mente. Nenhum dos dois nada disse durante o trajeto. Todos os outros moradores olhavam descrentes para a menina que tinha coragem de andar perto daquela coisa, e parecia que Iwamori sentiu o mal-estar que afligia o homem-fera, pois durante o tempo que andara ao seu lado, baixou a cabeça e caminhou olhando para os próprios pés. Rayard em compensação se sentiu tão bem consigo mesmo, que cumprimentava a todos que encontrava na rua, mesmo não obtendo nem mesmo um aceno em resposta.

As construções dali eram como seu povo, exóticas e místicas. Grandes prédios de forma triangular preenchiam as redondezas, com estranhas estátuas e enfeitas nas sacadas e fachadas, e a residência da mulher não era diferente. Uma exuberante porta de madeira, com letras irreconhecíveis para Oncer, separava seu interior do resto da rua, e um pequeno jardim brilhava colorido junto a entrada, como um tapete colorido de boas vindas.

-Muito obrigado... hum... como é o seu nome senhor?
-Rayard, Rayard Oncer. - Disse orgulhoso, estufando o peito para frente, tentando passar a impressão de ser forte. Esforço desnecessário, pois a metros de distancia, mesmo estando encolhido, seus músculos se fazem perceptíveis.
-Prazer em conhecê-lo senhor Oncer. Eu me chamo Iwa...
-IWAMORI! - Berrou uma voz feminina do interior do recinto, propositalmente na língua dos ocidentais. - JÁ PARA DENTRO, ONDE JÁ SE VIU FICAR NA RUA SOZINHA COM UM... COM UM... UM HOMEM NA FRENTE DA CASA DE SEU PAI!?
-Desculpe-me senhor, preciso ir. – Apanhou as jarras e entrou como um vulto para dentro de casa, deixando o licantropo mudo e imóvel do outro lado da porta.

Rayard entrou assobiando e dançando em sua casa, fazendo o chinelo estalar no tapete de palha.
-A encontrou de novo garoto?
-Melhor que isso velhote. - Disse ajoelhando-se na outra extremidade da mesa. - Eu carreguei os baldes dela até sua casa!
-Hahaha! Eu sempre achei que você fosse um homem-lobo, e não homem-burro-de-carga.
-Boa tentativa, mas hoje nada pode me fazer perder o bom humor, velhote!
-Foi por isso então que você demorou. Sorte sua que não era grave o estado do senhor Makoto, senão o coitado já estaria sendo cremado agora.
-Desculpe-me. Mas ela me tratou tão bem. Completamente diferente dos outros. Tratou-me do mesmo jeito que o senhor me trata, tirando as brincadeiras sem graça.
-Hahaha! Não se iluda garoto, a cabeça do meu povo não muda tão facilmente. Confie em mim, eu sei do que estou falando. Eu mesmo tive dificuldades no começo quando te trouxe para cá. Fique sempre alerta, entendeu?
-Ta ta, pode deixar. - Mas estas palavras se perderam rapidamente nas lembranças do rapaz, dando lugar ao “bom dia” e ao “muito obrigado” transformou em paraíso o inferno que era morar naquele lugar.

Agora Rayard não precisava de nenhum motivo para visitar a fonte, o que começou a fazer várias vezes por dia, sempre na esperança de poder ver, e quem sabe trocar mais algumas palavras, com sua amada. Demorou cerca de um mês para que ela voltasse a buscar água naquele lugar. Segundo ela, que agora conversava sempre que podia com o licantropo, sua mãe havia ficado uma fera, (“ops, desculpe o comentário” disse envergonhada) e a proibira de sair, mas que agora já estava tudo bem, contanto que ela não voltasse mais a ver o homem-lobo.

-Mas então por que é que você vem falar comigo? Não tem medo de sua mãe ou seu pai?
-Tenho, tenho sim. Mas sua companhia me agrada. - Um sorriso surgiu na boca vermelha da oriental, e Oncer a imitou. - Não sei por que todos daqui não te tratam bem como tratam os elfos, ou os magos ou qualquer outro forasteiro. Você é tão gentil quanto eles, se não for mais.
-Hehe! – a boca de Rayard mal abria, e suas bochechas ardiam de vergonha – Mas você me trata bem, e o velhote, quer dizer, o Keiharu, também. Isso para mim já é o suficiente. - Baixou a cabeça e olhou para os joelhos, tentando esconder a vermelhidão da face.

Os dois estavam sentados na beira do poço, e Iwamori chegou um palmo mais perto do rapaz, encostando sua perna na dele. O coração do licantropo tornou a saltar para garganta, mas dessa vez parecia estar prestes a sair por sua boca, quando sentiu os dedos frágeis e sedosos da garota tocar-lha o queixo. Ela mirou a cabeça dele para cima novamente, e com um gesto lento e caloroso, tocou os lábios do rapaz com os seus próprios.

Quanto tempo aquele paraíso durou o homem-lobo não sabia, mas aquela sensação de bem estar, misturada com a surpresa e o rápido palpitar que os corações produziam em sincronia pareceu congelar o tempo. Nenhum dos gritos de surpresa vindos dos moradores que presenciaram a cena chegou até os ouvidos do rapaz, sua cabeça parecia desligada para todos os acontecimentos externos. Se Valkaria fosse atacada de uma hora para outra pela Tormenta, para ele estava tudo ótimo, naquele momento, nada mais importava.

Finalmente se separaram, sorte da garota, pois se o beijo durasse mais 1 segundo sequer, os instintos de Rayard tomariam conta de sua consciência, e sabe-se lá o que poderia ter acontecido. Ele mal conseguia conter as próprias mãos, e no momento em que elas estavam prontas para viajar pelo corpo sagrado de Iwamori, ela se afastou. Seu rosto muito vermelho apresentava as pequenas gotas de suor que tanto atraíam o licantropo.

-O que foi? Eu fiz algo de errado? - Oncer ficara confuso, mas a pressão em seu estômago e no baixo ventre não havia passado..
-Não, claro que não querido. A culpa é minha. Eu não podia ter feito isso na frente das outras pessoas, desculpe. - com estas palavras a garota se levantou rápido como uma flecha e correu em direção a sua casa.

Sozinho novamente, a fera levantou-se calmamente, ainda com a lembrança do toque suave e doce da moça que por alguns instantes, que pareceram a eternidade, se tornara um corpo e uma alma com ele. Caminhou distraído até a casa de seu amigo e mentor, ainda não prestando atenção às pessoas que lhe cercavam. Perdido nos desejos que invadiam sua mente quando recordava o beijo, chegou em casa.

-E ai garoto, a encontrou hoje? Garoto? - Rayard não respondeu, e foi direto para o banheiro tomar um banho, esquecendo até de se despir, devido ao turbilhão de pensamentos no seu cérebro. - O que será que aconteceu? Espero que não tenha se magoado.

Apenas na metade do banho Oncer percebeu que ainda estava vestido e, rindo de si mesmo, ficou nu e entrou na água novamente, agora cantando alguma música irreconhecível na sua voz, pelo menos isso deixara Keiharu tranqüilo. Somente depois de meia hora o homem-fera, ainda muito contente e cantante, se juntou ao velho curandeiro na sala.

-Por Lin-wu, ou qualquer outro deus que você cultue, pare de cantar! Tenha dó dos meus velhos e frágeis ouvidos.
-Ah velhote, hoje é um dia especial, e nem suas brincadeiras vão acabar com meu bom humor!
-Lá vem você de novo com esse papo. O que aconteceu para você ficar assim então, recebeu uma medalha de “Nitamuraniano do ano”?
-Hahaha! Melhor que isso seu velho sem graça. Hoje um dos meus mais profundos desejos foi atendido, talvez graças ao seu deus lagartão. Se for, agradeça a ele por mim.
-“Deus lagartão”, espero que você saiba o que está dizendo meu rapaz, para que não se arrependa quando for castigado. - Mas nem este aviso foi suficiente para remover o largo sorriso presente no rosto do garoto.

Já era noite quando os dois se sentaram para jantar, e o local estava fracamente iluminado pelas tímidas chamas das velas nas pontas dos candelabros. Toda comida que tocava os lábios de Rayard o faziam lembrar o gosto e a satisfação que sentira àquela tarde. Parecia uma noite perfeita, mas não era.

Um pouco antes de acabar seu prato, algumas batidas fracas, porém constantes, na porta, o fez largar um resto de comida para ir atender o convidado. “Quem será que esta fazendo uma visita nesse horário” pensou consigo mesmo esquecendo por um momento que o dono da casa é o curandeiro da região, e que as pessoas não marcam hora para se machucarem. E não deu outra, do lado de fora estava uma pessoa de aparência espantosa, machucados cobriam todo o resto e os braços, grandes manchas vermelhas se faziam visíveis ao longo da pele e das vestes.

-Iwamori!? O que aconteceu com você!? Entre por favor, já vou chamar o velhote, sente-se aqui venha. - O desespero conseguiu varrer as boas lembranças por alguns minutos da cabeça de Oncer, que parecia não saber o que fazer, como se tivesse visto o pior de todos os seus pesadelos bem a sua frente e sem poder contar com o despertar para ajudá-lo.
-B.. boa noite Rayard-san. Desculpe o incômodo, mas eu precisa vir ver o senhor Keiharu, eu não sinto direito meus braços. - disse a garota com uma expressão que, na cabeça dela, transmitia calma, mas serviu apenas para preocupar ainda mais o pobre homem-lobo.
-Não faça mais esforço tudo bem. Você não tem que se desculpar de nada, pelo contrario, fez muito bem em ter vindo aqui o mais depressa possível. EI SEU VELHO GAGÁ VEM AQUI DEPRESSA, NÃO PERCEBEU QUE O SENHOR TEM UMA PACIENTE!
-Para de gritar no ouvido da moça seu garoto mal educado. Não se preocupe, eu trouxe aqui o material para fazermos os curativos. - Keiharu depositou a bacia com água no chão, ao lado das gazes e algumas ervas.
-Boa noite Keiharu-sama, desculpe incomoda-lo tão tarde.
-Não se preocupe com isso, estou acostumado já. Venha cá, deixe-me limpar essas feridas.

Por algum tempo o velho limpou os machucados e passou uma mistura feita de ervas nas contusões, aliviando a dor e acelerando a cicatrização. Os braços e o pescoço da mulher ficaram cobertos de curativos, mas sua beleza ainda era incomensurável aos olhos da fera, que ficara o tempo todo ao lado do ancião, ajudando-lhe sempre que preciso.

-Tem mais algum lugar ferido ou que esteja doendo?
-Sim... mas, mas eu tenho vergonha. - A face da oriental ficara muito vermelha, a ponto de a mudança ser perceptível até mesmo com a baixa iluminação provinda das velas.
-Não precisa ter vergonha de mim querida, já sou muito velho e não ligo para esse tipo de coisa. - mentiu o curandeiro. O estômago de Rayard se contorcera de ciúmes por um instante.
-Minhas pernas... minhas pernas doem. Mas não estão machucadas.
-Entendo. Então apenas uma massagem relaxante com um pouco deste óleo de ervas será o sufi...
-Então deixa que eu faço velhote. Ta na hora de gente idosa ir dormir. Vai, vai, me da licença, eu sempre fui melhor massageador que você. Vai dormir vai.

Mesmo que a contragosto, Keiharu não se opôs ao garoto, levantou-se calmamente e caminhou devagar até seu quarto, olhando com o canto do olho para a garota, na esperança de vê-la retirando o kimono para receber seu tratamento. Mas foi em vão, ainda demorou alguns minutos para que ela se despisse, mesmo estando sozinha com Rayard.

-Não se preocupe, eu realmente sou bom nisso. - gabou-se dando um sorriso tranqüilo para a paciente. - Mas eu pedi que o velho saísse porque eu gostaria de te fazer algumas perguntas. Quem fez isso com você Iwamori?
-M... meu pai. - respondeu a garota depois de alguns segundos, com a voz muito fraca, quase inaudível.
-Foi por minha causa não foi? Por causa do nosso beijo de hoje, não é?
-Não foi culpa sua Rayard-san, fui eu quem tomou a iniciativa, eu já estava ciente das conseqüências, e não me arrependo, de que outra forma eu estaria aqui agora, a sós contigo?

Naquele momento, todo o desespero e arrependimento se esvaíram dos pensamentos do rapaz, dando lugar a incerteza e ao desejo. Sua mente estava confusa, por um lado não sabia se continuava a massagem e não fazia nada que comprometesse a saúde de sua amanda, e por outro, seus instintos insistiam para que ele se desfizesse de suas roupas também, e que se juntasse àquela perfeita criatura, mais bela até mesmo que a lua cheia refletida na margem calma de um lago negro salpicado de pequenas estrelas. Em poucos segundos os instintos ganharam, e naquela madrugada, nem o sono nem o velho curandeiro ousaram incomodar os dois.

O licantropo só conseguiu dormir quando Azgher iluminava vagarosamente o horizonte, e acordou do melhor sono de sua vida poucas horas depois, com barulho de vários passos e gritaria, vindos da porta de entrada. Iwamori não estava mais ao seu lado.
' -Rayard Oncer, abra a porta, é a guarda de Nitamu-ra. Vamos, abram a porta.
Não entendendo o motivo de tanta balburdia, o rapaz levantou-se desengonçadamente enquanto se vestia e calçava o tora. Ainda sonolento e com os olhos semi-cerrados abriu a porta, e deu de cara com 4 homens, vestidos com armaduras samurais, com máscaras horrendas escondendo suas faces. Iwamori estava ao lado de um deles.
-Que que foi? Qual o motivo dessa gritaria toda? - perguntou desconfiado.
-Você esta preso, Rayard Oncer, por macular Iwamori Ookuchi, prometida em casamento ao senhor Ichihira Kamioo, filho do Alto Sacerdote de Nitamu-ra, Ichihira Tozen.
-O QUE? - o licantropo acabara de descobrir que ainda não havia sonhado seu pior pesadelo, e que o mesmo acabara de se materializar na sua frente. - Prometida?
-Venha conosco, e não ofereça resistência, assim não sairá ferido.

Mas o acusado já não ouvia a voz do oficial, sua mente estava sendo
bombardeada de pensamentos culposos, misturados com um crescente ódio que apertava seu peito para dentro. “Prometida, e não me disse nada. Como eu fui ingênuo, desde o começo o plano era esse, me prejudicar. COMO EU FUI BURRO!”

-Eu não vou. - disse estufando o peito, fazendo parecer aos olhos dos guardas que duplicara seu tamanho, fazendo dois deles darem um passo para trás. - Vou abandonar seu precioso vilarejo agora, não tenho motivos mais para permanecer aqui. - disse com ar zombeteiro, pedindo desculpas mentalmente para Keiharu, pois agora não pretendia esperar naquele lugar para cumprir sua promessa.
-Quem foi que te deu o direito de escolher o que fazer? - Ergueu a voz o que aprecia ser o líder dos samurais, trazendo de volta a confiança aos seus subordinados. - Tu cometeste um crime em nossos domínios, se aproveitando a força da senhorita Iwamori. Então...
-A força? Quem disse isso? - perguntou, sem esconder sua raiva, nem suas presas.
-A própria Iwamori deu queixa, e mostrou os machucados que você, em sua loucura, os fez.

Aquelas palavras fizeram Rayard perder o chão, descrente. Olhou nos olhos da antiga amada, que por usa vez, mirava o chão, com a face tão vermelha quanto na noite passada. Oncer não sabia o que fazer novamente. Pensamentos divergentes invadiram mais uma vez sua cabeça. E mais uma vez seus instintos falaram mais alto.

Com apenas um salto, Rayard foi capaz de acertar o comandante da operação, derrubando-o no chão já sem a metade esquerda da face, que estava agora destroçada dentro da boca do licantropo. Com a mandíbula e o pescoço sujos de sangue, se levantou, olhando furioso, bufando e rosnando para os outros três soldados, e para a garota, que se encolhera atrás da armadura de um dos oficiais.

As espadas ressoaram em uníssono de suas bainhas, porém, devido ao fato de seu capitão jazer imóvel aos seus pés, ninguém ousava tomar a iniciativa de atacar a fera. No mesmo instante, Oncer disparou em corrida pela rua, não antes de arrancar, literalmente, o braço de outro samurai que estava na sua frente. Uma fração de segundo depois, os dois guardas que sobraram iniciaram a perseguição.

Não demorou muito, o homem-lobo chegara à pequena fonte, o ponto inicial do plano para sua decadência. Ali, escorados na borda do posso, estavam mais quatro guardas, inicialmente a paisana, mas, ao verem o sangue que escorria da boca da fera, desembainharam suas espadas e posicionaram-se para um combate. Logo em seu encalço, vinham os outros dois executores, seguidos pela bela oriental.

No instante seguinte, os guardas cercaram o acusado por todos os lados, impossibilitando uma futura tentativa de fuga. A presa olhava em volta freneticamente, analisando todas as ações possíveis, e fugir já não era mais algo que ele queria, seu instinto pedia por sangue, e não adiante discutir com o instinto.

-Não se mexa. Não queremos que mais ninguém se machu... - com um pulo rápido para trás, o oficial escapou de ter sua garganta degolada pelo forte golpe de licantropo, que não estava nem um pouco a fim de conversa.

Percebendo que palavras já não resolveriam mais, dois dos guardas avançaram, com a espada em riste, na direção da fera, que com movimentos grosseiros, fortes rápidos, se desviou do primeiro golpe, rasgando o braço do espadachim, e levou o segundo apenas de raspão, fazendo uma fina linha de sangue escorrer através dos pelos de suas costas.

A investida deu confiança aos outros samurais, que atacaram praticamente ao mesmo tempo, tão rápidos quanto a presa, que, com muita dificuldade, saiu do meio da saraivada de lâminas, levando consigo uma perna entre os dentes, e mais alguns cortes nas costas e outros nos braços.

O número de oficiais fora reduzido a cinco, estando dois com os braços levemente cortados, e um outro com sangue escorrendo de seu supercílio direito, enquanto Rayard tinha apenas alguns cortes superficiais, que pareciam não estar fazendo a menor diferença. Não mais tão confiantes os guardas atacaram mais uma vez, alternando agora o número de combatentes, tática usada para fazer com que o inimigo gaste mais energia, ficando cansado mais rápido, enquanto eles guardam um pouco de suas próprias reservas de fôlego.

A nova investida pareceu surtir efeito, após esquivar-se dos três primeiros cortes, levando mais um samurai a invalidez, os outros dois não puderam ser totalmente evitados, fazendo com que as lâminas perfurassem fundo a carne do licantropo, que sentiu as pernas falharem por um segundo, e a visão se tornar levemente turva. Mas sua fúria era tão grande que ainda assim conseguiu lançar-se em direção aos atacantes. Após varias mordidas e fortes ataques desferidos com suas garras, que assobiavam ao vento devido a grande velocidade, só restara mais um samurai inteiro, porém, Rayard perdera a mão esquerda e havia vários cortes profundos agora, espalhados por todo o corpo, e a falta de sangue começara a surtir efeito.

Muito tonto devido aos ferimentos, Oncer ainda tentou uma última vez ferir seu último oponente, mas caíra de joelhos antes de dar o segundo passo, mas o guarda não se moveu. Não porque não quis, ele já mal se agüentava em pé vestindo sua armadura, que estava com o triplo do peso normal, e também despencou no chão.

Ainda ajoelhado, Rayard Oncer viu que Iwamori vinha correndo em sua direção, e seu ódio deu resquícios de que iria voltar, mas nem isso era mais possível agora, só lhe restou então, observar.
-Desculpe-me, tinha de ser assim.
-Iwamori – as palavras saiam em meio ao sangue em sua garganta. Juntou suas últimas forças para poder fazer a pergunta que latejava em sua cabeça desde que começou a morar com Keiharu, - por que eu? Com tanta gente de fora que passa por aqui, por que o ressentimento de vocês se concentrou em mim?

A garota fechou fortemente os olhos, fazendo com que grossas lágrimas escorressem pelos curativos de seu belo rosto, e apertou a mão que restara do licantropo contra seu peito. O garoto a olhava nos olhos, porém a imagem projetada em seu cérebro estava turva, como se Iwamori estivesse dentro de um rio com águas revoltas. Por um segundo viu sua amada abrindo a boca, mas nunca chegou a ouvir a resposta de sua pergunta, naquele mesmo instante, Rayard caíra nas graças de sua deusa criadora. Tenebra requisitara sua eterna presença em seu reino, e nunca mais o pobre licantropo precisaria sentir vergonha. Só havia uma coisa da qual Rayard se arrependeu antes de morrer, o dia em que chamou Lin-wu de lagartão.




Daniel Lunas, Swashbuckler
Apaixonado (e qual de nós não é?)

terça-feira, 3 de junho de 2008

Edição #3



  • Mestre das Armadilhas: Cuidado Onde Pisa

  • Dorovan Boa Morte: As Aventuras de um Swashbuckler

  • Raças Exemplares: Agora, Sua Raça Sobe de Nível

  • Vivisseção: Assustando Jogadores

  • Baluarte de Tauron: "Eu Ataco"

  • Vilões: Aqueles que Adoramos Odiar




*Para fazer o download das revistas clica na capa da edição que queria baixar.

2ª Edição



  • O Panteão: Release Exclusivo de O Panteão
  • O Vigilante Dourado: Nova Classe de Prestígio para os seguidores de Azgher
  • Colunas: Palavra de Paladino, de Marcelo Cassaro e Vivisseção, de Rogério Saladino
  • Literatura: Em Loucas Mãos Divinas e Pérolas e Indagações
  • E Mais: Guila da Foice Negra. O Sacerdore Responde e Reinos de Moreania